UOL Notícias: O Brasil não considera as Farc como grupo terrorista, e um dos argumentos para isso é que essa classificação compromete o diálogo. A senhora acredita que o Brasil deveria mudar a maneira como vê as Farc?
Ingrid Betancourt: Acredito que tem de mudar tudo. As pessoas e as organizações não são o que pretendem ser, elas são o que são. Se há uma organização que sequestra, que manda bombas em igrejas e escolas, pois estão fazendo terrorismo e quem faz terrorismo é terrorista. Ou seja… Eu acredito que as Farc devem ser consideradas terroristas. Agora, segunda mudança: é preciso negociar com terroristas. Não se pode dizer que porque são terroristas então não se pode negociar. Ao contrário: porque são terroristas, é necessário entrar em um diálogo, que permita mudar a situação. Creio que são duas maneiras de enfrentar o problema que são complicadas. Porque se a questão é dialogar, a questão deve ser dialogar sabendo quem é quem. Mas não se pode desconhecer a natureza de uma organização sob o pretexto de poder dialogar. Isso me parece muito perigoso.
UOL Notícias: Desde que saiu da floresta colombiana, como viveu estes últimos dois anos? O que mudou na sua vida?
Ingrid Betancourt: Muitas coisas mudaram: a definição de mim mesma, a definição de minhas prioridades, o modo de lidar com o tempo, e meu modo de viver. Sou uma pessoa desprendida de muitas coisas hoje em dia… apegada a outras, mas creio que na floresta me tornei uma pessoa mais simples.
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