terça-feira, 1 de março de 2011

as FARC. sua origem, seu futuro .


                  


Dividida por oligarquias regionais que entravaram a emergência de instituições nacionais, flagelada por longos conflitos civis, entre os quais a Guerra de los Mil Días (1899-1902), a Colômbia conheceu mais uma série de episódios sangrentos na primeira metade do século 20. Na seqüência, a partir do Bogotazo (1 948 - insurreição da capital do país após o assassinato do líder liberal Jorge Gaitán), o período denominado La Violencia (1948-1953) causou a morte de mais de 300 mil colombianos. Cifra que correspondia a 2% da população nacional na época. Sucedem em seguida repressões contra movimentos camponeses, massacres, vinganças e formação de milícias armadas que desembocam no surgimento de organizações de guerrilha. As Farc, fundadas em 1964, nascem da política de autodefesa camponesa propugnada pelo Partido Comunista da Colômbia (PCC). Inspirado na Revolução Cubana, o ELN (Exército de Libertação Nacional), outra facção guerrilheira ainda em atividade, terá em suas fileiras notadamente o padre guerrilheiro Camilo Torres, morto em 1966. Na mesma altura, aparece a guerrilha de orientação maoísta ELP (Exército de Libertação Popular) e o M-19 (Movimento 19 de Abril, 1970), agrupamento populista criado para protestar contra as fraudes eleitorais que acaba aderindo à luta armada.
Paralelamente, a logística da violência também é mobilizada pelas redes de narcotráfico, que transformam a Colômbia no maior produtor mundial de cocaína a partir dos anos 80. Atualmente, é da Colômbia que sai 90% da cocaína consumida nos Estados Unidos. Embora as Farc cobrassem um “imposto revolucionário” da cultura de coca desde os anos 80, foi o M-19 que se aproximou mais dos narcotraficantes. Tal aliança possibilitaria, em particular, a tomada do Palácio da Justiça de Bogotá pelo M-19, em novembro de 1985. Na época, alegou-se que Pablo Escobar, então chefe do cartel de Medellín, teria interesse no desaparecimento de documentos destruídos no Palácio da Justiça durante a operação. Por último, na virada dos anos 60, foram criados os grupos paramilitares, mobilizados pelos narcotraficantes e utilizados pelas Forças Armadas colombianas para combater as guerrilhas. Reunidos em 1997 nas AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), os paramilitares se dispersaram em 2006. […]
Estudos especializados registraram um total de 229 conflitos armados em 148 países entre 1946 e 2003. No meio tempo, a grande maioria dessas guerras cessou. Assim, excluídos os conflitos interétnicos (Palestina; território Karen, em Mianmar; Caxemira, na Índia), a guerra do governo colombiano com as Farc, na qual os combates começaram em 1966, configura-se o mais antigo dos conflitos mundiais. Considerando-se que tal fato ocorre num país independente desde 1819, a guerra civil colombiana apresenta-se como um caso único na história do mundo contemporâneo.

                                                                          Ana Carolina.

Nenhum comentário:

Postar um comentário